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quinta-feira, 31 de maio de 2007

O (mito do) menino prateado

Muita gente tenta responsabilizar os outros por suas irresponsabilidades. Eu sou um desses. Por isso, enquanto caminhava apressado para chegar à faculdade, maquinava motivos capazes de convencer a mim e ao mundo que o livro guardado em minha bolsa só não estava lido (ainda!) devido à demora de meus vários amigos que o possuíam em me emprestar um exemplar.
Atirando a mais remota possibilidade de perfeição para longe, principalmente por estar mancomunado com sua maior inimiga, acelerei um pouco mais o passo. Até que, mesmo estando tão envolto em aflições ordinárias, consegui discernir no meio da impessoalidade brutal do concreto armado que nos estrutura um bom motivo para diminuir a marcha: logo à minha frente completavam-se, disputando a atenção dos passantes, duas realidades incrivelmente distintas. Antagônicas, mas afins: exemplar "puro" do paradoxo urbano.
Como acredito que tenha deixado claro, tinha pressa. Por isso, ao avistar a bela moça que segurava na altura do peito um impresso, para mim, familiar, tive de retribuir seu sorriso - já amarelado pela receptividade duvidosa do público - e continuar correndo de encontro ao inspirador do título desta análise: o menino prateado.
O curto espaço que os separava foi suficiente para que eu fosse refrescando memória e conceitos. Decifrei, no minúsculo contato que tive com a bela moça, os desejos e sonhos que esta guardava na organização peculiar das letras de seu jornal. Já havia conversado com ela. Não por mérito de minhas fracas forças atrativas, mas pela paciência, o tempo de sobra e o "um real" que dispus a trocar por seu impresso, além da fala pausada e clara que empregava na tentativa de cativar um passante distraído como eu e fazê-lo entender os milagres culturais e sociais possíveis no mundo sem classes. Para ela e os seus, toda a riqueza gerada pelo fanatismo capitalista, ao qual o mundo encontra-se entregue, sendo enfim distribuída adequadamente entre todas as partes envolvidas em sua produção nos revolucionaria... Meus sonhos acompanharam os dela, até a realidade impor a lembrança do compromisso: aula! Me despedi prometendo ler e pensar melhor sobre o assunto...
Na mesma reticência estava - imediatamente após o rápido rememorar - quando dei de cara com o pequenino: um menino que tentava com todas as forças domar a inquietude da infância para fingir-se de estátua, envolto num banho de prata falsa e, provavelmente, barata. Me assustei com a cena e estranhei a reverência exagerada que o pequenino totem – mero monumento à desigualdade da sociedade moderna que era - dedicava às não poucas pessoas que corriam para despejar os mesmos "um real" (que minha amiga comunista pedia pela síntese de seu conhecimento acadêmico e sua fé sincera) no vasilhame disposto em sua frente, especificamente para isso.
Ironia fina!

Talvez infelizmente, a sociedade não tem tempo de ouvir que a doutrina comunista prega que todos os meninos prateados sejam de ouro e estejam na escola, por exemplo. O fato é que as afinidades parecem se dar por espasmos. Mais valeu o moleque, naquele caso, do que a erudição e sua salvação letrada!
As coisas do mundo parecem sempre estar encardidas demais para podermos encontrar uma fresta de clareza na turva janela que nos separa da realidade. Alguns preferem ficar daqui observando as sombras, outros se trancam no porão (uma caverna?!) para tentar interpretar a essência das imagens com o que lêem nos livros... É preciso ser um meio termo disso! E estar apto a conversar com as belas comunistas e os meninos prateados como se fossem nossos irmãos, já que disso não passam!
Deve ser por isso que nossos amigos comunistas gastavam saliva para tentar levar os "um real" que deram para o garoto: não falavam com ele... Os mundos são tão distintos que tornaram-se incomunicáveis... Na verdade estão todos falando sobre a mesma coisa em suas respectivas línguas... Todos querem ser felizes, reconhecidos, compreendidos... Como eu! Como você que leu até aqui... Como os comunistas e os meninos prateados...


Quem será que está enganado?

O povo, por não se interessar sobre a dominação que lhe é imposta?
Os grupos que tentam conscientizar o povo com seus dialetos acadêmicos?
Os meninos prateados, por não irem à escola e contribuírem diretamente com a manutenção do sistema?!

Ou será que tá tudo errado?!

Braz

segunda-feira, 28 de maio de 2007

Editorial do Blog

Enfim saiu o Jornal Viramundo de Maio!!!

Uma inovação nessa edição para o blog é que a postagem dos artigos foram colocadas de forma separada para os leitores interagirem com maior dinâmica nos artigos que queiram comentar.
Cada artigo tem sua própria postagem para que os comentários de cada um seja de acordo com que queira postar, facilitando a troca de infromações entre os internautas e os autores dos textos.

Brevemente, para uma maior dinâmica e ampliação da comunicabilidade do Blog com os estudantes, cada autor de um artigo no jornal terá seu convite para postar diretamente no blog as respostas de seu artigo, se este for de uma alta polemicidade . Por isso, todos os autores dos artigos, a partir do mês que vem, mande seus e-mails juntamente com os seus artigos para enviar o convite.

Enfim, podem "degustar" do novo formato do blog e participem, deixando seus comentários nos respectivos artigos! E por favor que seja goela abaixo!!!

É isso aí, enquanto a galera está indo para o Recife, o editor do blog está aqui na Cidade Maravilhosa(?????!!!???) ralando para panfletar o jornal tanto na internet quanto na própria UFF


Robson

VIRAMUNDO - - - - Maio / 2007 viramundouff@gmail.com

Está em suas mãos a edição de Maio do Viramundo, jornal construído por estudantes de Ciências Sociais com o intuito de possibilitar e melhorar a comunicação e a troca de idéias e informações entre os mesmo. Essa edição de Maio é a segunda a ser produzida no ano de 2007 e, como havíamos programado, dá continuidade à intenção de fazer com que o Viramundo esteja nas mãos dos estudantes de Ciências Sociais da UFF mensalmente. Como essa edição comprova, há uma movimentação e participação para a construção efetiva de um jornal de estudantes do nosso curso. Entretanto a participação deve continuar crescendo e se expandindo a fim de consolidar definitivamente o Viramundo como um hábito, uma prática corriqueira entre os estudantes de Ciências Sociais.

Esta edição traz textos dos seguintes temas:
Classe, ação direta e alienação política.
Histórico do D.A.
Vegetarianismo.
Informes em geral.
“Você já votou?”
IV Copa de Golzinho
Reforma Universitária

Notas

OBS: todos os textos assinados correspondem exclusivamente a opiniões pessoais.

Histórico do Diretório Acadêmico de Ciências Sociais (DACS).

Vamos aos fatos históricos. A forma como conhecemos o Diretório Acadêmico hoje teve início há 10 anos. Em 1997, o DA tinha uma estrutura presidencial. Neste mesmo ano, começou a funcionar a Empresa Júnior, Analítica. O mesmo grupo que participava desta empresa organizou uma chapa para concorrer às eleições do DA de 1998. A chapa era a “Práxis” (Chapa 1).
Em contraposição a esta chapa, surgiu um grupo de estudantes com concepções político-ideológicas bem heterogêneas. Esse grupo deu origem à Chapa 2, chamada de “Projeto Inclua-se”. As eleições ocorreram entre 21 e 23 de setembro de 1998. A chapa 2 venceu com 158 votos contra 39 para a Chapa 1, com 1 voto nulo e 1 voto em branco. Já nessa época debatia-se a necessidade de uma assembléia estatuinte para elaborar um estatuto para o Diretório.
O “Projeto Inclua-se” tinha como proposta o fim da estrutura presidencialista e o funcionamento do DA por meio de coordenações abertas à participação de todos os estudantes do curso, para as quais alguns estudantes seriam eleitos em assembléia a título de coordenadores, com função de encaminhar as tarefas designadas em reuniões e assembléias. Isso significava uma gestão direta do DA, que privilegia a ação e participação dos estudantes como sujeitos políticos, rompendo com a idéia de representação eleitoral e instituindo mandatos imperativos e revogáveis. Ou seja, qualquer coordenador poderia ser substituído em assembléia.
O projeto terminou em 1999. Entre os dias 17 e 19 de janeiro de 2000, ocorreu uma nova eleição, com apenas uma única Chapa inscrita: a “Projeto Ação e Participação”. Essa chapa, eleita com 96 votos, também era bastante heterogênea e mantinha as mesmas idéias do projeto anterior. Participavam dela desde "anarquistas" a militantes do PT, além de estudantes sem vinculação político-partidária ou ideológica.
O DA funcionou assim por um ano. Em 2001, uma nova Chapa intitulada “Projeto Subvertendo” foi eleita. Também era composta por integrantes de partidos políticos, como o PT, e estudantes sem filiação partidária. Paralelamente, surgiu uma corrente estudantil na universidade, chamada “UFF em Movimento[1]. Ela tinha como propaganda a formação de um novo movimento estudantil, mais cultural (se vestiram de palhaços na inscrição de disciplinas dos vestibulandos e entregaram filipetas de venda da Universidade e manuais). Esse movimento, que se apresentava como independente, tinha como núcleo organizativo militantes do PT ligados à corrente “Democracia Socialista” (DS), principalmente da História e das Ciências Sociais.
Em agosto de 2001, depois de uma semana de aula, explodiu a Greve das Universidades Federais. Essa greve durou mais de 100 dias, com piquetes e inviabilização do vestibular da UFRJ. O UFF em Movimento já havia então decidido em plenária a participação nas eleições para o DCE. Surge também outra corrente estudantil: a “Ousadia e Luta[2], ligada à chamada “esquerda do PT”.
No final de 2002, após a realização Semana de Ciências Sociais - cujo tema era “Liberdade e Controle Social” – tiveram início discussões sobre as eleições para o DA, tendo em vista o prazo de um ano da Chapa que havia sido eleita, que já se esgotara. O “UFF em Movimento” e o “Ousadia e Luta” acordaram em formar uma chapa (Chapa 1) com um projeto que estabelecia Direções Colegiadas (como na maioria dos CA’s, DCE’s e Sindicatos). Foi realizada uma assembléia na sala do DA, com pouco mais de 20 estudantes, para se decidir sobre as eleições. Depois de muitos debates entre os estudantes, principalmente os mais antigos no curso, que quase terminou em briga, foi aprovado que a eleição deveria ter um quorum de 50%.
Os conflitos políticos entre os estudantes que queriam manter e aperfeiçoar a experiência dos projetos que vinham dando certo e estudantes ligados a correntes estudantis do PT, com propostas de uma estrutura de diretorias colegiadas para o DA, acirraram-se. Houve ainda a inscrição de mais uma chapa, composta por estudantes atuantes na Empresa Júnior do curso (Chapa 2). Os estudantes que não se sentiam contemplados pelas propostas apresentadas pelas chapas, e contrários à mudança da estrutura do DA, deram início ao movimento “Não Vote”, também bastante heterogêneo, para que não se atingisse o quorum mínimo de validação da eleição. Os estudantes que o puxaram passaram a ser identificados como “anarquistas” e “malucada”. A chapa 2 desistiu de concorrer e a Chapa 1 não atingiu a quantidade de votos necessária para legitimar-se.
Assim, no início de 2003, foi realizada uma assembléia para definir os rumos do DA. Nesta assembléia foi estabelecida uma comissão gestora interina e instituída uma comissão estatuinte, que teria o prazo de um ano para apresentar um estatuto para o curso. O Estatuto era construído enquanto a comissão gestora encaminhava as lutas estudantis das Ciências Sociais. Os militantes das correntes estudantis petistas optaram por não participar da comissão estatuinte e nem da comissão gestora, dando início a uma tentativa de esvaziar essas duas instâncias de participação. As correntes do PT participavam do movimento estudantil da UFF na instância máxima do DCE, compondo a sua maioria.
Durante o ano de 2003, houve mais uma greve cujo eixo era a oposição à reforma da previdência do Governo Lula. Em agosto daquele ano, foi realizado o Encontro Nacional de Estudantes de Ciências Sociais em Brasília. A principal discussão era a falência da FEMECS (Federação dos Estudantes do Movimento Estudantil de Ciências Sociais), que, criada em 1997 sob iniciativa de vários cursos, inclusive o da UFF, tinha o desafio de melhorar a comunicação entre as escolas, mas vinha apresentando uma concepção de movimento marcada pelo aparelhamento e pela burocratização, afastada da base dos estudantes. A posição tomada por grande parte dos estudantes foi a de indicar a necessidade de reestruturação dessa entidade pela base.
Na volta de Brasília, foi realizada, na UFF, uma assembléia na qual se redigiu um manifesto do DARS-CS[3]. Ele fazia uma avaliação do processo político e chamava os estudantes para o debate sobre o Movimento Estudantil, partindo da definição do que seria um verdadeiro movimento na base para, em seguida, propor formas de organização. Assim, foi criado no DA o GD de Movimento de Área. No ano seguinte, em janeiro, foi realizada uma Assembléia Estatuinte com mais ou menos 130 presentes. Após um ano de reuniões da comissão estatuinte, abertas à voz e voto de todos os interessados, foi aprovado o estatuto que nos rege.
A assembléia foi bastante tensa, com a leitura de todos os pontos do estatuto. A cada ponto lido, eram feitos destaques e apontadas dúvidas a serem posteriormente discutidas e esclarecidas. Muitos destaques foram feitos, principalmente por parte dos militantes que se abstiveram de participação nas reuniões de elaboração do estatuto. Apesar dos destaques, o estatuto foi votado em bloco – ou seja, ou o estatuto era aprovado em seu conjunto ou rejeitado em seu conjunto, sem espaço para uma aprovação que permitisse ajustes posteriores - proposta dos próprios militantes petistas[4], aprovada em assembléia anterior, que estabeleceu as regras da assembléia estatuinte.
O Estatuto originado dessas reuniões foi construído sob a luz das experiências passadas, tendo como princípio a necessidade de possibilitar e incentivar a participação direta de todos os estudantes no Diretório Acadêmico, principalmente daqueles que chegam sem nenhuma experiência política. Incentivar essa participação é fundamental para evitar o aparelhamento das organizações, como acontece com vários outros DAs. Dentro desta estrutura, privilegia-se a participação, não a retórica eleitoral e o jogo de carta marcada das diretorias colegiadas. A idéia fundamental é possibilitar a igualdade de poder e liberdade de participação aos estudantes. Os militantes ligados a correntes estudantis partidárias continuam participando do DA, mesmo discordando da estrutura. O conflito político tende a ser realizado nas esferas de discussões e decisões o tempo todo, e não apenas nas eleições.
Como conseqüência da participação dos estudantes do curso que passaram a atuar no DA, nos anos seguintes foram realizados dois encontros Fluminenses de Estudantes de Ciências Sociais e mais uma edição da Semana de Ciências Sociais. Em 2005, mais um momento marcou a história do DARS-CS: a assembléia em que se decidiu pelo ROMPIMENTO COM A UNE. Em 2006, como fruto de todo o movimento político do DA, discutindo, elaborando documentos, propondo e realizando ações concretas, decidiu-se sediar o Encontro Nacional de Estudantes de Ciências Sociais na UFF. Agora, no ano de 2007, discute-se a participação do curso na CONLUTAS.
Em todos esses momentos sempre enfrentamos problemas, como oscilações da intensidade de participação e a saída de estudantes mais velhos. Houve também momentos de efetiva renovação, como este que acredito vir acontecendo. Para se falar em patotas ou algo do gênero, é preciso analisar muito melhor as coisas. Temos uma infinidade de problemas que podem afetar a participação dos estudantes no DA, entre eles a própria inexperiência política, a origem social, o desconhecimento do funcionamento de um DA e mesmo o possível desinteresse político. Por fim, é importante refletir bastante, sem nunca esquecer que existem conflitos políticos, mesmo que não estejam claramente colocados.
Reflexões:
Em todos esses anos em que participei e acompanhei o DA, passaram por ele dezenas de estudantes que, se dependessem das estruturas carcomidas do velho movimento estudantil parlamentarista, talvez não tivessem conseguido participar de nada. Durante os quatro anos e meio que passei na UFF, o DARS-CS foi um dos mais combativos e aguerridos diretórios da universidade, seja na sua luta pela assistência estudantil, na briga por uma universidade popular, contra os cursos pagos ou pela diminuição das tarifas das barcas. Nas suas fileiras serraram ombros companheiros que, com certeza, construíram uma grande experiência política, ainda que uns e umas tenham se cansado da sobrecarga de trabalho. Muitos desses companheiros estão militantes hoje em seus trabalhos, com a tentativa de construir práticas semelhantes no Velho Sindicalismo de Estado Brasileiro.
Aprendemos a fazer movimento político de forma sincera e diferente da podridão que assola o movimento estudantil. Tentamos colocar na prática habitual e cotidiana aquilo que propomos e foi do conflito com outras propostas que nasceram essas discussões que não de hoje rondam o DA. E algumas discussões são sempre levantadas de tempos em tempos, por exemplo, o esvaziamento do DA, que é uma política deliberada de desconstrução do movimento .
Pois bem, deixando o balanço positivo de lado, me pergunto se o DA tem problemas. E respondo que sim. Há muitos problemas. A questão é que o estatuto foi criado sobre as bases de um conflito político que não pode ser compreendido pela burra categorização daqueles que dele participam como “malucadas”, anarquistas (ainda que para mim anarquista não seja nada depreciativo, muito pelo contrário). Quem faz tais acusações, ou não conhece a fundo as pessoas com quem estuda e atua ou tem claras intenções políticas. Temos conflitos políticos decorrentes de diferentes concepções de movimento estudantil, um que coloca o movimento reivindicativo a serviço da luta político-partidária, e por isso paralisa o movimento nas eleições, e outro que retoma a consciência de que as mudanças só virão através das nossas próprias mãos.
Assim, acho fundamental recuperar essa história para que a discussão seja realmente proveitosa. Existem divergentes concepções e há posicionamentos políticos claros, desde investidas para encher uma reunião para aprovar medidas para o conselho de DA (legais) e táticas de esvaziamento. Nada contra, desde que se arque com as conseqüências destes atos e não se fique posando de vítima.
Para mim, que sempre atuei procurando manter (ou melhorar) o DA, a base “teórica” para essa manutenção (ou mudança) deve estar sob a concepção política de que a única forma de mudança da realidade social virá do protagonismo direto dos estudantes e trabalhadores, e portanto a experiência de se organizar diretamente, de baixo para cima, através de uma organização que combine a centralização na ação com autonomia de discussão, priorizando as assembléias e não as articulações das direções, é fundamental para jogar por terra o velho parlamentarismo estudantil.

[1] Um acompanhamento da evolução dessa chapa a identifica, hoje, com a corrente “Pagar Nada”, estando seus militantes nas correntes mais à “direita” do PSOL.
[2] Hoje, na UFF, poderíamos associá-la à corrente “Romper o Dia”, de militantes do PSOL.
[3] Documento que pode ser encontrado no DA e na pasta do DA.
[4] Muitos dos quais acabaram migrando para outras correntes após o “racha” do partido.

Rômulo Souza (ex-estudante de Ciências Sociais e do DA Raimundo Soares)

Por um Vegetarianismo Social

Abrir mão de ingerir carne é se manifestar contrário a todo e qualquer ato de violência ou crueldade cometido contra um ser vivo, seja lá qual for, animal ou homem.
É um erro supor que, para os vegetarianos, os animais são mais dignos de proteção que nós, seres humanos. Não há, na verdade, lugar para privilegiados. Igualmente possuímos sentimentos, porém somente nós temos a consciência do que sentimos. O que nos separa dos animais é o nosso maior atributo, nem sempre utilizado adequadamente: a razão.
É claro que essa lógica incide em uma hierarquia natural, onde os homens por serem mais fortes e racionais, podem, legitimamente, tornar-se predadores dos animais irracionais. Pode até ser que, em um devido momento histórico, a ingestão de carne tenha sido necessária para a sobrevivência humana. Contudo, devemos considerar que o nosso sistema digestivo se difere muito dos animais carnívoros, o que resulta em uma alta taxa de toxinas digeridas no processo, e que, devido ao fato da carne não ter nenhum principio alimentar que os vegetais também não contenham, podemos nos manter satisfatoriamente saudáveis sem a sua presença em nosso cardápio. É bom lembrar ainda que, nos dias atuais, a pecuária extensiva e a manutenção de aviários se tornaram grandes vilões do meio ambiente. Mas isso é para outra hora. O que pretendo abordar aqui é a crença humana em uma “desigualdade natural”.
Crer que o homem é senhor e proprietário da natureza é uma coisa sobre a qual a humanidade inteira manifesta acordo unânime. E crer, dentro dessa lógica, que estamos no alto da hierarquia para sermos servidos por aqueles que consideramos inferiores, também. Os massacres dos negros escravizados, a realização de “limpezas étnicas” em alguns países, a subjugação das mulheres no mundo inteiro, são algumas peças que configuram essa tal prerrogativa dos homens a fim de promover a desigualdade. O que esses fatos históricos nos mostram, além de uma incapacidade humana de perceber que diferença não é sinônimo de inferioridade? A incapacidade do homem em se sensibilizar com outrem por apenas considerá-lo inferior.
Então eu vos pergunto senhores: Quem poderá julgar o valor de um sofrimento, seja ele humano ou animal? Quem poderá diferenciar a dor de um semelhante de um gemido sentido de um animal com medo da morte? Será que essa indiferença, esse olhar blasé sobre o sofrimento animal, não nos tornou insensíveis aos nossos próprios sofrimentos?
Nietzsche, quando considerado louco, abraçou um cavalo que estava sendo espancado por um cocheiro. Chorou e provavelmente se convencera de que Descartes errara quando afirmou sua idéia de que os animais eram apenas machinae animatae. Idéia muito difundida entre nós. Talvez esse tenha sido um dos grandes erros da Humanidade.

Carol Couto (1° período)

Reflexão de três conceitos:

Classe Trabalhadora, Ação direta e Alienação política[1].

Pretendo, nestas breves linhas, discutir os conceitos acima, utilizando para tal os trabalhos de Thompson (Prefácio e As Fortalezas de Satanás. In: A Formação da Classe Operária Inglesa) e Marx (O Trabalho Alienado. In: Manuscritos Econômico-Filosóficos). Fornecerão a base para toda reflexão o conceito de classe trabalhadora e os episódios de ação direta mencionados por Thompson em sua obra, assim como a idéia de alienação do trabalhador desenvolvida por Marx.
A contribuição de Thompson para uma maior compreensão da classe trabalhadora passa essencialmente pela idéia de “autofazer-se” da classe, assim como através de uma análise profunda de aspectos até então marginalizados nesse debate, classificados como “subpolíticos” por outros intelectuais. Tomando a classe trabalhadora como fenômeno histórico e não como “estrutura” ou “categoria”, esta que deve ser pensada por isso, num determinado período e contexto históricos. O fazer-se a si mesmo da classe trabalhadora demonstra que ela é sujeito de sua própria trajetória. Não só está presente nesse acontecimento como é ator principal desse processo.
Como o autor é marxista, a idéia de antagonismo essencial está presente na sua concepção da classe operária. A experiência de classe, entendida como compartilhamento pelos indivíduos de experiências e condições materiais de vida semelhantes, é determinada, em grande medida, pelas relações de produção em que os homens nasceram ou ingressaram compulsoriamente. Entretanto, a consciência de classe para Thompson aparece influenciada pelas relações de produção, e não determinada. Dessa forma o autor afirma não existir uma lei no sentido de um modelo para ser considerado como consciência legítima de classe. Esta deriva de aspectos culturais gerados por essa experiência, essa vivência cotidiana.
É aqui que Thompson recorre a aspectos considerados “subpolíticos”, irrelevantes para análise pela maioria dos intelectuais que pensavam a questão da formação da classe trabalhadora. É nesse ponto que considero sua análise extremamente rica e importante para o debate da classe operária. Analisando eventos como as canções populares, freqüência às tabernas, bebedeiras e, principalmente motins e turbas, percebe-se que através desses fatos os “sem linguagem articulada” conservavam e produziam certos valores e concepções da realidade.
Na Inglaterra do século 18 e início do 19, no contexto da Revolução Industrial, ocorreram inúmeros motins devido ao preço do pão, pedágios, resgates (busca por participantes dos motins que haviam sido presos), greves, nova maquinaria, fechamento das terras comunais, recrutamento e outras tantas injustiças. Esses motins eram ações diretas[2] contra as injustiças impostas diariamente aos trabalhadores nesse período histórico. Todas essas ações, principalmente as levadas a cabo pelo preço dos alimentos, eram legitimadas pela idéia de economia moral que classificava como imoral qualquer forma de aumentar o preço dos alimentos para tirar proveito das necessidades do povo. Essas ações são encaradas pelo autor como “fermento” do fenômeno histórico “Classe”.
Thompson chama atenção para os problemas gerados pelo emprego dos termos motim e turba para designar essas manifestações populares contra injustiças, reduzindo-as à aglomeração de indivíduos criminosos tomados pela ânsia do roubo e do caos. Mencionando outro pesquisador que faz essa distinção (Rudé), atenta para o termo multidão revolucionária como sendo mais pertinente. A questão dos termos empregados não pode passar despercebida em caso algum. Sabemos muito bem que as palavras carregam significados que podem facilmente deturpar ou obscurecer um fenômeno. O fato de algumas dessas ações serem motivadas por pessoas “acima” ou à parte da multidão que a empregavam como instrumento de pressão para obtenção de seus próprios interesses não pode desvirtuar a análise do todo.
Quanto ao conceito de alienação política, o que fiz foi um exercício de reflexão em cima do que Marx entende como alienação do trabalhador. Após refletir acerca do contexto político em que vivemos no Brasil e que classifico como ilusória democracia representativa, percebi que seria extremamente cabível adaptar a idéia da alienação do trabalho para o campo político, uma vez que a política e o econômico relacionam-se amplamente. Numa breve demonstração do que estou dizendo, a frase “O trabalhador põe a sua vida no objeto (produto do seu trabalho); porém agora ela já não lhe pertence, mas sim ao objeto”. Adaptando-a para o campo político, ela ficaria assim: “O cidadão põe a sua força política no voto; porém agora ela já não lhe pertence, mas sim ao político/partido político”. Nesse exemplo a idéia fica mais clara: “A alienação do trabalhador no seu produto significa não só que o trabalho se transforma em objeto, assume uma existência externa, mas que existe independente, fora dele e a ele estranho, e se torna um poder autônomo em oposição a ele; que a vida que deu ao objeto se torna uma força hostil e antagônica”. No campo político ficaria assim: “A alienação política do cidadão no seu voto significa não só que o voto se transforma em objeto, assume existência externa, mas que existe independente, fora dele e a ele estranho, e se torna um poder autônomo em oposição a ele; que a sua força política, desprezada no voto, se torna uma força hostil e antagônica”.
A alienação política, assim como a alienação do trabalhador, não se refere à ignorância ou desconhecimento, mas sim ao tornar alheio ao trabalhador e ao sujeito político suas potencialidades e capacidades. Na medida em que o indivíduo, ao invés de lutar contra as injustiças impostas pela classe dominante como faziam os trabalhadores na Inglaterra da Revolução Industrial, através de ações diretas que garantiam a obtenção de suas expectativas, é levado, por diversas razões, a acreditar que seu papel social na ilusória democracia é o de apenas escolher quem vai “melhor” representa-lo politicamente através do voto, ele deixa de ser sujeito de sua própria historia. Anula-se como sujeito político e passa apenas a posição de mero espectador da realidade.
Embora esteja citando repetidamente a classe operária inglesa durante a Revolução Industrial, obviamente que temos uma série de exemplos semelhantes de ações diretas muito bem sucedidas em terras brasileiras. Temos um exemplo muito próximo. O episódio que ficou conhecido como a “Revolta das Barcas” nos anos de 1950, quando a população incendiou a estação devido aos péssimos serviços e condições oferecidas pela concessionária privada do transporte, obrigando o serviço a retornar para o âmbito estatal é um exemplo claro e inquestionável do potencial transformador da ação direta em comparação com a inércia do fornecimento do voto.
Muitas outras reflexões acerca dos temas e conceitos aqui discutidos não puderam entrar nesse breve texto. Se houver interesse, concordância ou concepções distintas do tema, seria interessante o desenvolvimento do debate. As discussões podem ser ampliadas e levadas mais a fundo pessoalmente ou via e-mail.
(fabi_omelczuk@hotmail.com).

[1] Conceito elaborado por mim com base na idéia de alienação do trabalhador construída por Marx.
[2] Detalhes e registros dessas ações da época infelizmente não couberam nesse texto devido à escassez de espaço.

Fabrício “Gaúcho” (7° período)

Informe da Coordenação de Movimento Estudantil

Na última reunião da coordenação de Movimento Estudantil realizada no dia 16 de maio, foi discutida a necessidade dos estudantes se familiarizarem com o estatuto do D.A. através da leitura do mesmo em sua íntegra, visto que isso é, indubitavelmente, uma necessidade, além de ser uma atividade que fomentará a participação e interesse dos estudantes junto ao diretório acadêmico. Para isso, o estatuto estará disponível na pasta do D.A., na xerox do Marcelo a partir do mês de Junho.
Na próxima reunião da coordenação, que será no dia 13 de junho, às 19:30 no D.A., essa proposta será debatida novamente com o intuito, a princípio, de pensar a construção e organização de um Grupo de Discussão (GD) sobre o estatuto com início ainda a ser estabelecido.

D.A.C.S. – Raimundo Soares INFORMA:

Diante da eleição que está se realizando na UFF nos dias 21 e 22 de maio para a definição dos delegados que representarão a UFF no congresso da UNE (CONUNE), o DA de Ciências Sociais não participa das eleições, nem apóia qualquer chapa, tendo em vista o rompimento com a entidade, que ocorreu no 1o semestre de 2005 em assembléia do curso, que é a instância máxima de deliberação do Diretório Acadêmico.

Estudantes em Luta... Na rua e não nos gabinetes!

No dia 26 de abril, estudantes de Ciências Sociais participaram da manifestação pela manutenção do passe livre para os secundaristas e pela ampliação do mesmo aos universitários, trabalhadores e desempregados. O ato ocorreu na Av. Radial Oeste, bairro do Maracanã, Rio de Janeiro. A manifestação foi marcada por forte presença e repressão policial devido à proximidade ao 1° Batalhão da Polícia do Exército. Agravou ainda mais o êxito da manifestação a extensão da Av. Radial Oeste que não pode ter seu trânsito interrompido devido à presença de apenas cerca de 300 estudantes.


Informes Internacionais:

França – Após a vitória nas eleições do conservador Sarkozy, que já se pronunciou publicamente contrário aos imigrantes na França, o povo foi às ruas e, como protesto ao resultado das eleições, promoveram atos pelo país que terminaram com um saldo de 367 carros incendiados.(06/05/07).

Fique por dentro da Reforma Universitária!!!

O debate sobre Reforma Universitária não é de hoje. Desde a década de 60 esse tema é pautado tanto no meio acadêmico quanto nos fóruns do movimento de educação. Desde o governo FHC, professores, estudantes e funcionários técnico-administrativos vêm elaborando projetos para se contrapor ao modelo de universidade orientado por organismos internacionais. Em 1997, o movimento da educação apresentou ao Congresso Nacional o Plano Nacional de Educação – Uma proposta da sociedade brasileira. FHC vetou os principais itens do plano aprovado pelo Congresso, entre eles a meta de investimento de 7% do PIB para a educação.
Lula, além de manter os vetos ao PNE, apresentou quatro versões de projetos de reforma que não tem nada a ver com as reivindicações da comunidade universitária. Por trás de uma grande campanha e do discurso de democratização do acesso ao ensino superior, se esconde um plano de privatização gradual das universidades públicas e de benefícios aos empresários das universidades privadas. A fragmentação das medidas dificulta a organização dos movimentos de resistência, uma vez que dificultam a noção da totalidade da Reforma Universitária. O que já está implementado:
Lei de Inovação Tecnológica - Esta Lei tem como objetivo central alinhar as pesquisas produzidas nas universidades públicas com os interesses das grandes empresas. É claramente apontado que o Estado vai apoiar as alianças entre o direito privado e as instituições públicas (como as parcerias na produção do conhecimento, a utilização de laboratórios e equipamentos das universidades públicas por essas empresas). Além disso existe uma possível remuneração extra pelos pesquisadores envolvidos com os projetos. Isso contraria a lógica de que o conhecimento nas universidades tenha caráter público, já que estimula somente a pesquisa que gera lucro. A idéia central é o estado aplicar cada vez menos nas universidades, transferindo para as empresas que querem algum benefício como contrapartida.
Sinaes/Enade - O Sinaes (Sistema Nacional de Avaliação) consiste na mesma lógica do Provão. Continuando com o foco numa única prova aplicada ao estudante, o Enade (Exame nacional de desempenho do estudante) mantém a linha de ranqueamento e serve apenas para legitimar as ações do governo, através do processo de avaliação, feito pela Conaes (Comissão Nacional de Avaliação do Ensino Superior). O Sistema implantado não aponta caminhos e nem serve como instrumento a serviço da qualidade de ensino, tudo aquilo que uma avaliação de verdade deveria apontar.
Prouni - A solução do problema de acesso às universidades não poderia ser pior: o Estado alimenta a setor privado como provedor de ensino, oferecendo para os estudantes mais pobres as vagas ociosas das piores universidades. As universidades privadas são beneficiadas com a isenção de parte significativa de seus impostos, o que representa uma economia de 7% do seu faturamento. Com as verbas que se deixa de arrecadar de tais universidades (mais ou menos 800 milhões), seria possível aumentar as vagas no ensino público. O que se vê é a confusão entre o público e o privado e a descaracterização de bandeiras históricas do movimento de educação. A seguir trataremos dos projetos ainda a aprovar, a partir do Projeto de Lei 7200/06 (a última versão):
Financiamento - O governo anuncia o PL afirmando aumentar o financiamento público, com 75% das verbas federais para a educação como um todo seja gasto no ensino superior. Entretanto, segundo os cálculos do Andes SN, o governo em 2005, gastou 11,19 bilhões com o ensino superior. Se o PL já estivesse em vigor, o governo gastaria 12,20 bilhões, o que demonstra mais uma falácia da Reforma. Além disso, as instituições federais serão dotadas de autonomia financeira, o que significa recorrer ao capital privado. O projeto ainda admite que 30% do capital investido seja estrangeiro, segundo recomendações do Banco Mundial. É confirmada a atuação das fundações privadas que oferecem os cursos pagos (aqui na UFF temos a FEC-Fundação Euclides da Cunha que é envolvida em graves casos de corrupção).
Pagas - A maioria dos estudantes hoje está nas instituições privadas. A delimitação de 9% para a assistência estudantil é um retrocesso uma vez que a grande maioria das instituições públicas já investe mais que isso (na UFF são 12% e é muito insuficiente) e esses 9% não se aplicam às instituições privadas, onde faria alguma diferença, já que não oferecem assistência estudantil.
Educação à distância - No projeto, ele será aplicável a qualquer curso superior, inclusive de formação de professores. É indiscutível que a formação presencial é determinante para a garantia da qualidade (admitindo inclusive a importância não só do ensino, mas da pesquisa e extensão).
Universidade Nova - Apesar do nome, o projeto tem idéias muito antigas. O ponto central da Universidade Nova é criar “bacharelados interdisciplinares”, que são cursões de 3 anos que ofereceriam uma formação vaga em humanidades, artes, tecnologia ou ciência. Com este diploma inútil na mão, o estudante poderia fazer um curso profissional, uma licenciatura ou mestrado. Esta lógica já foi implantada há um tempo, e obrigava os estudantes a competirem entre si para conseguirem vagas nas profissões desejadas, colocando a lógica perversa da concorrência do vestibular para o meio da formação. Fica claro que o diploma de bacharelado vago será destinado aos mais pobres, que enfrentam mais dificuldades no ensino básico e tem menos chances de não conseguirem se manter na universidade (fato comum atualmente e que não são apontadas soluções para isso na reforma). O segundo diploma será bem mais elitizado e destinado para aqueles que conseguirem sobreviver à competição do ciclo. Esses bacharelados coincidem com o ensino à distancia para ampliar vagas sem a necessidade de melhorar a infra-estrutura e contratar servidores e professores (pois eles atuarão como “monitores” e darão atendimento impessoal aos estudantes).
Percebemos o quanto esta reforma parte do pressuposto de que a educação não é um direito de todos e nem dever do Estado, transformando-se numa mercadoria como outra qualquer. Entender a Reforma é condição fundamental para a mobilização. É extremamente importante que todos os estudantes se armem para barrar essa reforma universitária e que apontem alternativas para a crise do ensino superior.

Keila (8º período)

"Você já votou?"

Sabe, há algo que muito me inquieta no curso, que é só mais um reflexo da faculdade e da sociedade, mesmo; Diferentemente da maioria, a CONVICÇÃO (!) não é meu forte e, por isto, a cada vez que sou chamado a votar, fico muito angustiado - mas muito MESMO; Se por um lado, não consigo votar mecanicamente, apenas tendo como critério o discurso da chapa ou do que for, adjunto à minha pequena experiência na universidade, também não consigo me isentar deste "evento" automaticamente. Isto, pois, tento fazer o esforço da permanente construção das minhas escolhas.
Mas fico angustiado por quê?... Até tenho "simpatia" por este ou aquele rumo, mas os meios... Tsc... Ah, os meios me parecem tão nebulosos!Passa mês, passa período, e, ultimamente, apenas cumprimentos. Só que... Opa!Chegou a eleição de blá blá blá. Eis que, então, escuto, é claro: "E aí, Marcel, já votou?"; Em momentos como este, me sinto mera unidade. É, apenas parte integrante da soma necessária para fazer com que um determinado grupo siga suas metas - e até acho que há boas intenções integrando-as.
Ademais, também há um outro "motivo-essencial"; Votar é o ato de abdicar de processos de decisão. É quando você decide se alienar deles. Sim, é claro, não é possível fisicamente participar de todas as escolhas. Isto além de todos nós termos outras ocupações além de tentar persuadir/ser persuadido do processo eleitoral - ou eleitoreiro? -, NÃO É?! Mas durante os outros meses sou invisível?
Putz...O que me irrita é que, me isolar do VOTO é me isolar das decisões. Em contrapartida, participar das eleições votando é prestigiar o voto como unidade, e não como símbolo de um determinado processo de luta, que não é diária. Ao menos, não com as minhas mãos. Sinto-me quase fazendo um favor a quem pede o voto, ao invés de sentir-me atuando de forma consciente e sem peso na mente para este ou aquele caminho do movimento - quase uniforme, infelizmente - estudantil.
Espero, por fim - e me perdoem se eu me extender. É que não tenho compromisso político tático algum de ser diplomático ou com termos bem colocados -, que a "Galera do D.A" - ou melhor, parte dela. Não quero parecer ignorante - se oponha a tudo que eu disse, mesmo concordando. Ora, te soa estranho? Acontece que, da mesma forma que se contrapõem às discussões do Orkut, uma manifestação apenas via jornal... um PEDAÇO DE PAPEL...tsc...não tem valor. Entretanto, também espero que o beco sem saída da necessidade de ser ou parecer democrático prevaleça e, assim, o texto seja colocado no folhetim, mesmo com este comentário.
Escrevo este texto sem pisar no diretório em discussão alguma, mas não por achar que discussões não sejam válidas - muito ao contrário -, mas porque estar lá seria admitir e reiterar o domínio de supostos libertários - atente que o termo tem a ver com liberdade - que, curiosamente, reprimem todo - ou quase - "discurso" que faço. Até porque, se o D.A somos todos nós, ele não é um grupo, ou menos ainda uma estrutura física como uma sala. Logo, o diretório também sou eu, discutindo com quem for, a qualquer momento; Mas, se estranhas, uso este meio apenas por ser conveniente, tanto pelo quão acessível é, como pela arte de provocar, no melhor sentido possível - tá, vai... No pior também. ...
Tentei dormir e acordei com um nó na garganta, sem conseguir respirar. Liguei o computador e redigi este humilde texto. Ainda que ateu, neste tipo de situação penso na possibilidade da existência do tal Deus e, por mais q'eu continue não acreditando - e mais, negando-o para o mundo material - me proponho a sempre repensar o que acredito. Da mesma forma, convido você, que não se contenta em agir como máquina, apenas reproduzindo, à eterna REconstrução. Mesmo que seja interna e inconsciente por agora, mas que seja evidente a sua onipresente intervenção prática. Vamos repensar-NOS?

Marcel (3º Período)

Notas do Movimento de área DARS- CS UFF

NOTA DE REPÚDIO À CRIMINALIZAÇÃO DOS MOVIMENTOS SOCIAIS E APOIO ÀS SUAS LUTAS.

O Movimento de Área de Estudantes de Ciências Sociais do Rio de Janeiro vem a público repudiar as prisões ilegais de 19 integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra ocorridas no dia 23 de maio de 2007, em Barra do Piraí, além de fornecer seu apoio irrestrito à luta mais que legítima desses militantes.
As prisões aconteceram de forma truculenta, como manda a cartilha cotidiana dos órgãos de repressão estatais, sem apresentação de ordem judicial, apenas alegando “formação de quadrilha” por parte dos manifestantes.
Os trabalhadores rurais permaneceram presos por quase vinte e quatro horas na Delegacia da Polícia Federal de Volta Redonda, após exercerem o Direito de Manifestação na “Jornada Nacional Por Nenhum Direito a Menos” e “Contra a Política Econômica Neoliberal”, sendo libertados às nove e quarenta da manhã de quarta-feira, 24 de maio de 2007.
A libertação dos trabalhadores só ocorreu devido à grande mobilização, solidariedade e apoio proveniente de várias organizações e movimentos, que pressionaram politicamente e manifestaram suas indignações com o episódio. Quando novamente em liberdade, os militantes reafirmaram seus compromissos de permanecerem na luta contra a Política Econômica Neoliberal, por Nenhum Direito a Menos e pela Reforma Agrária.
Movimento de Área de Ciências Sociais - Rio de Janeiro, 25/05/2007.

NOTA DE APOIO E SOLIDARIEDADE

O Movimento de Área de Estudantes de Ciências Sociais do Rio de Janeiro torna público seu apoio irrestrito e solidariedade aos estudantes, professores e técnicos administrativos que ocupam a reitoria da Universidade de São Paulo há 22 dias. Reconhecemos a enorme importância dessa luta para a conquista dos direitos dos trabalhadores, estudantes e professores, tendo em vista o estado de abandono, privatização e falta de autonomia que as Universidades brasileiras vêem sofrendo nos últimos anos.
Repudiamos as medidas e ações que o Estado repressor e a mídia burguesa aliada vêem tomando em relação aos ocupantes. O Estado autorizou a invasão policial à reitoria, o que ocasionará, muito provavelmente, uma repressão violentíssima aos militantes. Dessa forma o mesmo fornece todo seu aparelho repressor para ser empregado a favor da classe dominante, contra uma luta legítima da classe trabalhadora.
A mídia burguesa, encabeçada pela Rede Bobo e seu “Jornal Nacional”, transmite à população uma imagem totalmente deturpada dos fatos. O mesmo tratamento dado aos Movimentos Sociais é fornecido aos estudantes, classificando-os como “invasores”, “vândalos” e “baderneiros”. Essa construção da Criminalização do Movimento através da falsa opinião pública é uma das principais armas empregadas pela classe dominante contra os movimentos que lutam por justiça social. É dessa forma que a mídia constrói uma forte barreira entre os movimentos combativos e a sociedade como um todo.
Esperamos que não haja repressão por parte do Estado e que as reivindicações em pauta sejam atendidas de maneira integral, a fim de contemplar os trabalhadores e estudantes. Movimento de Área de Ciências Sociais – RJ, 25/05/2007.

COMUNICADO PARA PRÓXIMAS EDIÇÕES DO VIRAMUNDO

Desde já está aberta possibilidade para os estudantes que quiserem enviar algum texto, artigo, poema, charge, informe, agenda cultural, ou o que mais for cabível para uma edição de um jornal como o nosso. Fica também o convite para que participem das reuniões da Coordenação de Comunicação, que além de organizar o jornal, preocupa-se em debater mecanismos para melhorar a comunicação entre os estudantes do curso como um todo.
Em reunião da Coordenação de Comunicação foi estabelecido todo o dia 15 de cada mês como prazo final para o envio dos materiais a serem publicados na edição do Viramundo. Definimos a formatação (Times New Roman, 12 – espaçamento 1,5 - ABNT) e o tamanho máximo dos textos (Três Paginas A4). Caso não atendam a essas especificações somente serão publicados se houver necessidade de preenchimento das paginas em branco, pois o formato do jornal acaba gerando, algumas vezes, esse tipo de problema.
Os textos devem ser enviados para o e-mail: VIRAMUNDOUFF@GMAIL.COM
PARTICIPE DO D.A.R.S. DE CIÊNCIAS SOCIAIS.
SUA ORGANIZAÇÃO É ABERTA A TODOS OS
ESTUDANTES POSSIBILITANDO PROTAGONISMO
DIRETO DOS MESMOS.


4a Copa Golzinho ICHF

Inscrições : R$12,00 por time + 1kg de alimento não perecível por jogador
TEL:
Marcel: 8896-2612
Léo 8166-3962
Bellot: 8746-9597
Zé:8251-8597

segunda-feira, 30 de abril de 2007

A inoperância...

Boa tarde,

Eu vi que a situação comunicativa do DARS e dos estudantes estavam com severas lacunas, provocando um desinteresse entre estudantes da base e o D.A

Por causa disso, escrevi um artigo e também coloquei o blog no ar para dar um dinamismo maior e tentar reintegrar os estudantes afastados das discussões.

Divulguei por todo o ICHF e no DA, além de colocar como assinatura de todo artigo do jornal o link para todos entrarem e comentarem sobre o jornal, seus artigos e etc.

Inicialmente vi que estavam começando a engrenar, onde o Rodrigo comentou sobre o meu artigo e a galera se animou, cada hora dando um "pitaco" na minha idéia ou na idéia de Rodrigo.

Infelizmente, foi uma efervescência muito passageira. O blog, que como coloquei no editorial, acharia que poderia colocar artigos de 3 em 3 dias, (aliás, o blog não é meu, a senha ja mandei para o grupo e qualquer um pode muito bem entrar e colocar o que quiser) mas somente concluí que será a transposição dos textos do grupo para o blog. Não que os textos não tenham um conteúdo muito bem interessante e podendo ser aproveitado, mas se esse for a real finalidade do blog, ele não terá finalidade nenhuma.

Fico desapontado quando vejo que a galera pouco se importa, ou se mobiliza para um novo canal totalmente aberto para qualquer estudante de C. Sociais.


Foi um desabafo, mas creio que a galera me faça achar que estou desenganado, como da ultima vez!!!


Robson Campaneruti

Desenvolvimento do tema "Currículo, cotidiano escolar e didática: vivências, reflexões e desafios."

O momento de crise permanente que vivemos na educação e, portanto, na nossa sociedade, é cotidianamente omitido pelos pais, professores, mídias e pelas próprias instituições aos alunos. Parece infundado o que digo, pois também cotidianamente recebemos uma carga enorme de denúncias dos mesmos sujeitos citados, tais quais: os alunos se formam sem saber escrever, os professores estão desvalorizados, os pais estão sem tempo ou desempregados, a escola não tem apoio financeiro, etc... etc... O currículo prescrito tanto nas Ciências aturais quanto nas Ciências Humanas não nos permite a relação entre escola e sociedae, a escola ou se torna vítima enquanto instituição falida, ou vilã enquanto aparelho ideológico do estado.
Concordando com Georges Snyders em "Escola, Classe e Luta de Classes", que não podemos nos prender numa inércia diante do tenebroso quadro com o qual nos deparamos, pois é nele que vivemos e trabalhamos. Nos formamos na escola (considerando a etapa universitária) e temos como nossa maior chance concreta no mercado de trabalho a escola. Como trabalhar nesta instituição sem sermos cúmplices do seu cotidiano contraditório e adiador do processo revolucionário? Enquanto professores pesquisadores, devemos fortalecer a teoria social que está por trás do nosso trabalho para que não nos enfraqueçamos num processo de auto culpabilização, ou ao contrário cairmos numa síndrome de heroísmo individual. Ou, o que acontece na maioria dos casos, numa completa despersonalização de nós mesmos enquanto ser humano e professor, e na despersonalização do outro, mais diretamente do aluno enquanto discente e também ser humano, e daí por diante também da sociedade da qual fazemos parte. Este processo pode ser caracterizado por alienação tanto dos professores quanto dos alunos. O conceito de alienação não se traduz somente enquanto condição de ignorância, como se faz entender para o senso comum, mas também como um processo de afastamento, distanciamento, de alheamento provocados quando se assumem os posicionamentos políticos. O que queremos? Nos afastar ou nos aproximar da realidade? Podemos também comprar as teorias que concordam que a realidade é algo inexistente ou "construído" subjetivamente por cada um, nesta podemos construir nossa realidade individual sem comprometimento nenhum com problemas mais coletivos. Este fenômeno vem tomando espaço de forma fatal nas "novas" abordagens que vêm se colocando no âmbito do ensino das Ciências Naturais e Humanas. Sempre invisibilizando com teores de diversidade, de depoimentos de fontes históricas não consideradas pela ciência tradicional, pelo apelo cultural às questões políticas, as "novas" abordagens vêm despolitizar nos conteúdos curriculares as tensões sociais agravadas em momentos de crise e de reconfiguração do sistema capitalista.
Ao sermos rigorosos com nossa profissão, ao nos assumirmos como intelectuais trabalhadores, já podemos pensar com discernimento e não deixar que a avalanche cotidiana varra de nossa formação o ponto de vista crítico, ou seja, aquele ponto de vista que até o senso comum reconhece quando precisamos "pensar com a cabeça fria", "pensar com sangue frio", ou "pensar com filosofia". A crise permanente da educação, não está aqui sendo abordada de forma fatalista, ou numa seqüência que busca apontar culpados, mas sim no sentido de que temos que ter claro o entendimento de que esta crise é uma crise histórica e intrínseca ao sistema capitalista, ou seja, é um fato dado de extrema relevância para reflexão e ação no plano geral da prática e também do amadurecimento da teoria social que fundamenta nossas ações.
Metodologicamente, a categoria de cotidiano por um lado surge para que encontremos um lugar e tempo palpáveis e passíveis de transformação ao nosso alcance concreto, e, portanto no dia a dia; mas também ela pode se dispersar perdendo o horizonte da necessária transformação histórica, isolando a crise escolar da totalidade de um processo maior produzido pela organização social do sistema capitalista. No cotidiano da formação de professores, nossos professores nos afogam com propostas de aula apresentando-nos novas abordagens, novas técnicas, novas fontes, etc... Assim, os problemas estruturais que envolvem a escola no âmbito social, político e econômico, se transformam numa questão didático pedagógica pura. Todos até fingem entender que as questões didático-pedagógicas estão permeadas por posicionamentos políticos e que por sua vez estão respaldados numa teoria social, mas imediatamente há um esvaziamento neste nível da formação no qual temos que ter esperteza e discernimento bastante para nós, enquanto alunos, podermos mapear qual é o verdadeiro resultado político da aula de cada professor, pois isso nos é omitido e esfumaçado no cotidiano universitário. Uma questão extremamente relevante é refletirmos sobre que consequências históricas nos trazem essas omissões no plano universitário? Imagine então que conseqüências nos trouxeram essas mesmas omissões no plano escolar, no qual o processo de formação intelectual está mais intrinsecamente ligado ao nosso processo de formação biológico?
Snyders vem admitir e apontar os erros em que caem as teorias da educação que se recusam a trabalhar com o recorte de luta de classes: mesmo as teorias que trabalham com o conceito de classe inspiradas no clássico Karl Marx, esquecem o que é primordial em sua teoria social que é o método do materialismo histórico dialético, algumas esquecem do materialismo, outras do histórico e outras do dialético. Nos primeiros escritos de Bourdieu em educação o autor que trabalha com o conceito de classe, se esquece da dialética que possibilita percebermos a possibilidade/necessidade de mudança intrínsecas às condições desvantajosas da classe não detentora dos meios de produção. Bourdieu e Passeron fazem uma minuciosa e tão espetacular crítica à escola enquanto aparelho reprodutor da classe dominante, que fecham e impossibilitam refletirmos sobre alguma resistência possível dentro desta instituição, como se a escola em si mesma fosse material de manobra. É claro que devemos considerar as futuras produções desses autores para entendermos melhor seu desenvolvimento teórico metodológico, mas este momento da obra de Bourdieu, especialmente, serve para refletirmos sobre se existe possibilidade de a instituição escolar fazer parte legítima do processo de luta ou não. Snyders na verdade não nos trás novidades e sim retoma reflexões que constantemente vão sendo colocadas de lado no cotidiano do ensino e da pesquisa, ele retoma conexões importantes para o processo de amadurecimento teórico e prático que muitas vezes não são espontaneamente esquecidas, mas sim provocadamente esquecidas.
A escola se mantém como instituição importante no processo revolucionário, não como redentora mas como parte do processo histórico num ir e vir dialético que a tem como instrumento de dominação mas também como possibilidade de luta e emergência da classe popular. Snyders nos lembra de como a escola é muito temida, e é esta dupla determinação "desvantagem justaposta a positividade" que nos possibilita ultrapassar a forma dada e aparente da escola, para sua forma histórica e necessária no contexto da sociedade capitalista.
"É preciso não esquecer, porém, que todo o esforço para conservar o "alvo final" ou a "essência' do proletariado isentos dos resíduos das e pelas relações com a existência – capitalista – conduz, em última análise, ao afastamento da compreensão da realidade, da "atividade crítica prática", a recair na dualidade utópica do sujeito e do objeto, da teoria e da pr´xis, tão certamente como o revisionismo o houvera feito."
(Georg Lukács: Sociologia. Organizador José Paulo Netto. São Paulo Ática, 1981. Coleção Grandes Cientistas Sociais. Texto destacado da parte I "Marxismo e Questões de Método na Ciência Social")
Neste destaque do texto pretende-se demonstrar que não vamos encontrar uma realidade coerente ou até mesmo esperada como pura: o proletariado seguindo espontaneamente o interesse da classe. No texto entendemos que a realidade é complexa e possível de ser verificada quanto menos isolarmos o objeto da sua totalidade histórica, pois do contrário nos depararemos com fenômenos imprevistos, impressionantes ou inexplicáveis.
Se você é um pesquisador que se espanta com o aumento da violência ou com o rápido processo de escassez dos recursos naturais como algo imprevisto, fantástico, ou sem explicação, ou ainda está preso a teoria de Thomas Malthus, que aprendemos na 5º série do Ensino Fundamental, de que vivemos uma crise por conta do aumento populacional e que a violência (as guerras), e os desastres naturais são meios naturais de contenção do excesso populacional, é um sinal de que você precisa ter maior intimidade com as Ciências Humanas, e com a História principalmente.
__________________________________________________

Universidade Federal Fluminense – Faculdade de Educação
Curso Pós Graduação Lato Sensu em Ensino de História e Ciências Sociais
Trabalho da Disciplina Currículo, Cotidiano e Didática
Professora Maria Lúcia Oliveira
Aluna Maria Clara A. C. Fernandes

GD "SOCIOLOGIA: ENSINO E PESQUISA"

UFF –Instituto de Ciências Humanas e Filosofia
Diretório Acadêmico Raimundo Soares
Convida professores, pesquisadores e alunos
GD "SOCIOLOGIA: ENSINO E PESQUISA"
09 de Maio de 2007, Quarta Feira
Bloco N, Sala do DA de Ciências Sociais 19:00
(tem se realizado nas mesas e cadeiras do gramado)
Pasta do DA "Ensino de Sociologia"
Na última reunião conseguimos trabalhar o capítulo VI "O Ensino da Sociologia na Escola Secundária Brasileira", da primeira parte do livro "A Sociologia no Brasil" de Florestan Fernandes. Este capítulo refere-se ao I Congresso Brasileiro de Sociologia ocorrido em 1954 e Florestan Fernandes nos dá uma idéia geral das questões levantadas por outros autores como Antônio Cândido, por exemplo, sobre o ensino da Sociologia.
Questões preliminares para a reflexão foram abordadas: se a Sociologia deve ou não ser ensinada; temas característicos do Brasil; em que nível de escolaridade deve ser implementada; diagnóstico da atual situação da educação brasileira (na época); algumas sugestões práticas. É importante nos apropriarmos desse conhecimento e reflexão pois não precisamos começar nossas pesquisas do marco zero, temos uma história, temos discussões e projetos construídos, não devemos seguí-los de forma mecânica mas devemos considerá-los em nosso processo de entendimento da realidade.
Dois momentos do texto nos chamaram atenção para darmos prosseguimento na próxima reunião: o primeiro foi colocado por Antônio Cândido, sobre definirmos com clareza em que nível a reflexão sociológica será considerada – como ponto de vista, como técnica social, ou como uma ciência particular?; e o segundo refere-se as sugestões práticas elencadas por Florestan Fernandes em forma de perguntas – que funções e razões para a inclusão da Sociologia?, Que concepção de Sociologia?, Por que da introdução? Demanda Universitária? Formação de personalidades?, Que funções no contexto atual? (da época e hoje), Que alterações de ordem pedagógica para o ensino de Sociologa?, Como o curso seria dividido?
Estas questões deveriam estar presentes constantemente em nossas reflexões. Mesmo aqueles que não têm podido comparecer ou seguir devidamente as leituras sugeridas, pedimos para que se façam autores de sua prática e pesquisa, e produzam algum texto ou parágrafo abordando as questões colocadas, ou acrescentando outras. Lembramos que não buscamos respostas prontas, mas aquelas que tentam aproximar, o máximo possível, o nosso cotidiano, da totalidade e contextos sociais no qual estamos inseridos no Brasil e no mundo. Não podemos esquecer que há um grande projeto educacional imposto aos países da América Latina e Caribe para homogeneizar os currículos desses para trabalharem de comum acordo com a expansão do sistema capitalista de produção da sociedade. Fiquemos atentos às "inovações".
Aguardamos o comparecimento nesta próxima reunião e algumas reflexões.

sábado, 21 de abril de 2007

VIRAMUNDO - - - - Abril / 2007 viramundouff@gmail.com

Eis a primeira edição do Viramundo no ano de 2007. Após permanecer quase um ano no esquecimento, ele retornou em dezembro de 2006, com um novo formato numa breve edição, aonde predominavam os textos informativos acerca do que estava sendo discutido e colocado em prática no D.A. de Ciências Sociais. O mais importante naquele momento era reconstituir sua circulação; fazer com que os estudantes do nosso curso relembrassem ou mesmo tomassem conhecimento de sua existência, pois aqueles que haviam entrado recentemente sequer o tinham visto. O objetivo era incitar os estudantes a reconstruírem esse espaço de comunicação e organização constantes.
Um ou dois estudantes podem fazer duas ou três edições do Viramundo, mas estes, solitários na tarefa, jamais o tornarão aquilo que ele pode se tornar: uma ferramenta real a serviço da organização e comunicação dos estudantes.
O Viramundo, assim como o D.A. de Ciências Sociais, são de todos os alunos. Participe da construção de ambos. É preferível pecar pela ação do que pela omissão.
A tarefa de reconstrução do jornal está em curso. Esta edição é a prova disso. Bem mais densa que a anterior, contou com a colaboração de um número maior de estudantes. Cabe a nós fazermos com que seja assim daqui pra frente. OBS: Todos os textos assinados por alunos do curso correspondem exclusivamente às suas opiniões pessoais,

Esta edição traz textos dos seguintes temas:

UNE de volta para casa
Oficina de Ciências Sociais
Campesinato
Encontro Nacional de Estudantes de Ciências Sociais
Repúdio às ações da reitoria e colegiado do ICHF
Preconceitos sobre o DA
Informes, poema e outros


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Você sabia???

O nome do nosso jornal foi inspirado na canção Viramundo composta por Gilberto Gil e Capinam em 1965. Onze anos após sua composição ela deu nome ao álbum O Viramundo, do próprio Gilberto Gil.
Letra forte, com alto teor revolucionário e de conscientização. Estudantes que já se formaram tiveram a idéia de colocá-la na camisa do curso de Ciências Sociais. Isso nunca foi realizado. Ainda pode ser feito.

“Sou viramundo virado
Nas rondas da maravilha
Cortando a faca e facão
Os desatinos da vida
Gritando para assustar
A coragem da inimiga
Pulando pra não ser preso
Pelas cadeias da intriga
Prefiro ter toda a vida
A vida como inimiga
A ter na morte da vida
Minha sorte decidida
Sou viramundo virado
Pelo mundo do sertão
Mas inda viro este mundo
Em festa, trabalho e pão

Virado será o mundo
E viramundo verão
O virador deste mundo
Astuto, mau e ladrão
Ser virado pelo mundo
Que virou com certidão
Ainda viro este mundo
Em festa, trabalho e pão”

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Oficina de Ciências Sociais – 10 anos

A oficina de ciências sociais (OCS) é uma organização de estudantes que tem como objetivo capacitar o aluno para pesquisa e realização de projetos de ensino e extensão junto aos grupos dominados.
O processo de mobilização coletiva que gerou a OCS teve início no final do ano de 1997 em uma reunião realizada na sala do DA de Ciências Sociais. Esta reunião pretendia pensar alternativas para o nosso curso e para os problemas que naquela época já se colocavam – principalmente aqueles que eram conseqüência da aplicação das medidas de privatização e de subordinação da universidade à lógica de mercado. Em 1999, a Oficina de Ciências Sociais (OCS) é fundada em uma assembléia enquanto um ente jurídico – uma sociedade civil sem fins lucrativos.
A idéia que surgiu era de montar uma organização “de estudantes” e não “dos estudantes”, ou seja, não uma entidade com fins de representação formal, mas sim de articulação política /acadêmica que ao mesmo tempo encontrasse meios alternativos de inserção profissional (a visão de mera “entrada no mercado” era questionada) e de desenvolvimento de projetos de intervenção fora do âmbito da universidade – mas a partir do conhecimento gerado dentro dela. A idéia foi lançada e desencadeou uma série de discussões entre os presentes que não se esgotaram tão cedo.
No final de 1997 as discussões foram interrompidas e depois reiniciadas no inicio de 1998. No primeiro semestre deste ano uma greve irrompeu nas universidades públicas federais. Durante as assembléias de mobilização da greve a idéia da OCS foi divulgada para os alunos do curso de ciências sociais e quando a greve encerrou ao final de maio, a proposta da OCS já havia sido bem divulgada e era de conhecimento de boa parte dos estudantes. Em 1998, era lançado o documento “Ultrapassando os Muros da Universidade” que ajudava a consolidar a proposta da OCS e iniciava as discussões para formação de um estatuto.
No inicio de 1999 o estatuto ficou pronto e foi aprovado em uma assembléia amplamente divulgada para o curso. Posteriormente, a secretaria geral foi eleita em assembléia. Em junho foi realizado um GE (Grupo de Estudo) com o tema “As Ciências Sociais sob uma visão crítica”, do qual dezenas de estudantes participaram. Este grupo produziu o documento “Ciência Política e Opção de Classe” (Base teórica das Ciências Sociais). Em julho do mesmo ano foi feita uma assembléia que elaborou um Planejamento para 1999/2000 apontado como prioridade a intervenção social em três eixos – saúde pública, orçamento público e educação popular.
Mas como nem tudo eram flores, vários problemas apareceram e crises aconteceram. Muitas pessoas se afastaram e boa parte do trabalho que poderia ter sido feito ficou estagnado. Assim foi montado um GIS (Grupo de Intervenção Social) que tinha por função elaborar uma metodologia e encontrar um público que tivesse demanda para tal projeto. No final de 1999 a OCS se somou ao processo de construção da TV comunitária de Niterói – fundada em 2000. Uma experiência de trabalho de pesquisa foi desenvolvida com a Uni-Trabalho e o pólo de pesquisa composto pelos membros da OCS foi um dos que teve mais rendimento no trabalho no estado do Rio de Janeiro.
No ano de 2000 com um quadro de membros efetivos mais reduzidos, porém renovado, a OCS se dedicou ao projeto de educação popular (formação de curso de alfabetização de jovens e adultos) e ao trabalho na TV comunitária. Em agosto a TV comunitária gravou seu primeiro programa em praça pública e em outubro foi inaugurada a primeira turma de alfabetização de jovens e adultos da OCS. Esta turma era composta por moradores da comunidade do Morro do 94 (da Rua Lara Vilela) e do Morro do Palácio que se reuniam no IACS (Instituto de Artes e Comunicação Social). Funcionou até maio de 2001. Ainda foi desenvolvida na Associação de

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UNE de volta para casa
“A nossa história ninguém apaga é UNE e UBES de volta para casa”

Nestes 70 anos de vida, a UNE sempre manteve alta a bandeira da democracia, da liberdade, da defesa da educação publica e de um Brasil soberano e mais justo. Consolidou-se ao longo do tempo como uma das entidades mais importantes do cenário político nacional.
Em 1942, numa grande manifestação, os estudantes ocuparam o prédio do Clube Germânico – reduto de simpatizantes nazistas – na praia do flamengo, 132. Pouco depois o governo doava definitivamente o edifício a entidade.
O local rapidamente tornou-se referencia para os estudantes do rio de janeiro e de todo o Brasil. Ali pulsava a força da juventude, a energia transformadora da universidade e da nação. Pulsava também a transformação da Cultura e se escreveu um dos episódios mais ricos da historia da Cultura brasileira, o centro popular de cultura – o CPC da UNE.
A UNE sofreu uma interrupção de tudo isso em 1o de Abril de 1964. Ao incendiar a sede da entidade, uma das primeiras ações da ditadura militar, as forças que o apoiavam começavam a escrever uma das paginas mais tristes de nossa historia. Anos depois, já na década de 80, o antigo predio foi demolido e ocupado ilegalmente por um estacionamento.
No inicio desse ano, na bienal da UNE, os estudantes em passeata voltaram para o espaço da sua antiga sede. Retornar a sede de tantas jornadas e lutas é rever a dívida histórica de toda a sociedade com os estudantes brasileiros e um dos atos simbólicos para superar definitivamente um período tão duro para o povo desse país.
A UNE está de volta para casa. Com uma nova sede, presente do arquiteto Oscar Niemayer, e um centro cultural e um museu da memória do movimento estudantil, que vai manter sempre viva a chama da nossa luta e a perspectiva de um futuro altivo para o país.
Natália Cindra (1o período)

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Pequenas considerações sobre o papel político do campesinato

O pequeno texto aborda a questão do campesinato como sujeito político e, portanto, agente da produção do espaço geográfico. Sujeito que realiza ações políticas que podem ser direcionadas para a transformação social da sociedade. Portanto, as ações políticas dos camponeses implicam em transformação espacial, e a luta pela terra é uma das formas que o campesinato brasileiro pode se fazer presente, imprimindo nova configuração espacial ao rural. A título de esclarecimento, cabe-nos frisar que entendemos o espaço como socialmente produzido e que é “... uma estrutura criada, comparável a outras construções sociais resultantes da transformação de determinadas condições inerentes ao estar vivo, exatamente da mesma maneira que a história humana representa uma transformação social do tempo” [1].
Uma primeira consideração a ser destacada é que o campesinato foi ativo e importante elemento dos principais processos revolucionários que ocorreram durante o século XX. Não somente no século citado, bem como em momentos históricos mais longínquos, quando as Revoltas Camponesas ameaçavam a ordem do sistema dominante. Portanto, os camponeses já tiveram, tem e poderão vir a ter uma atuação política no sentido de transformação das estruturas da sociedade.
A segunda consideração a ser feita é a de que após mais de dois séculos de desenvolvimento do modo de produção capitalista no mundo, o campesinato, ainda hoje, se faz presente em grande número de países, sendo no interior destes uma importante peça das disputas políticas. No século XXI, o campesinato continua a existir e isso nos serve para questionar a validade geral das teses que interpretam o camponês como condenado à extinção e reforça a idéia de que para se pensar na transformação social devem ser levados em consideração outros sujeitos políticos pertencentes à classe dominada além dos trabalhadores urbanos, já que a tese da condução da humanidade ao Socialismo pela classe proletária é cada vez mais questionada no plano teórico e prático das lutas políticas.
A terceira consideração é que o campesinato brasileiro, desde o seu surgimento até os dias atuais, sempre conheceu a realidade da resistência e da luta pela terra, como forma de garantir a sua sobrevivência. Da territorialização dos primeiros imigrantes, à desterritorialização pelo Estado ou pelos latifúndios de suas terras, à reterritorialização em novas terras ainda não-exploradas, fez com que os camponeses vivessem num constante deslocamento espacial pelo território brasileiro, chegando até mesmo a transpor tais limites. Tais constantes deslocamentos espaciais – a diáspora do campesinato brasileiro – é uma prova de que muitos não aceitaram a realidade de se transformar em proletário nas cidades e decidiram resistir para continuarem existindo como camponeses.
Outros se proletarizaram precariamente, mas com a ascensão no cenário político das lutas por terra e reforma agrária, a partir da segunda metade do século XX, voltaram a ter esperanças em dias melhores com a conquista da terra de trabalho. O ato político da ocupação dos latifúndios é uma das formas de os camponeses brasileiros se fazerem presentes na luta por terra e na produção do espaço geográfico. As ocupações com o posterior assentamento de famílias camponesas vêm imprimindo indícios de uma nova configuração espacial ao espaço agrário brasileiro, que é historicamente marcado pela concentração de terras de um lado e pobreza do outro. Para que tais indícios de modificações das velhas estruturas do rural brasileiro se disseminem por grande parte do território brasileiro, dependemos fundamentalmente do sucesso das lutas que vêm sendo travadas pelos camponeses sem-terra que ocupam os latifúndios, dos trabalhadores assentados que buscam tornar possível a manutenção dos assentamentos (ALENTEJANO, 2000), bem como de uma transformação revolucionária das estruturas da sociedade, que envolva neste processo de construção, os trabalhadores urbanos e rurais e os excluídos que estão à margem da sociedade capitalista.
Portanto, em um momento em que muito se fala sobre o “fim da história”, resgatar e sublinhar o papel revolucionário do camponês ao longo da história da humanidade se faz de grande importância, visto que no final do século XX, grande número de teóricos, insiste que não há vida para o camponês a não ser como agricultor familiar inserido na lógica capitalista. Assim, tal posicionamento tem a clara intenção de esvaziar o sentido político das lutas empreendidas pelos camponeses.
[1] SOJA, 1993: 101-102.

Maycon Cardoso Berriel (1o período)
Maiores detalhes fazer contato através de: mayconberriel@yahoo.com.br

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Reitoria e departamentos: Exploradores e reprodutores do sistema!

Há muito tempo a Universidade Federal Fluminense apresenta sinais de abandono, tanto no que diz respeito a sua estrutura, como também no atendimento às demandas estudantis e dos trabalhadores.
Em relação à estrutura a percepção é nítida: prédios caindo aos pedaços, banheiros sem um mínimo de conservação (falta papel higiênico, mictórios e vasos sanitários quebrados, torneiras que não funcionam...), o que acarreta uma total falta de higiene. Salas sem ventiladores, o que as torna insuportável nos dias quentes, sistema elétrico em péssimas condições, bebedouros que não funcionam, falta d’água toda semana...
Quanto às demandas estudantis, temos a biblioteca com uma enorme carência de livros, principalmente os mais novos, além do não funcionamento do ar-condicionado há mais de um ano; apenas um restaurante universitário em funcionamento, provocando filas enormes e elevando o tempo de espera para mais de uma hora no período do almoço, sem contar a péssima qualidade da comida devido à escassez de recursos; a moradia estudantil, aprovada faz tempo pelo Conselho Universitário, ainda não saiu do papel, impossibilitando o estudante de baixa renda de morar perto ou na universidade e fazendo com que o mesmo gaste muito do seu parco dinheiro com transporte, uma vez que esse tem seus valores muito altos, acima do que o trabalhador/estudante pode gastar; faltam bolsas para os estudantes e as que ainda são oferecidas estão com valores muito baixos, o que faz do estudante mão-de-obra qualificada e praticamente de graça, um prato cheio para os exploradores de plantão.
Aos trabalhadores faltam condições de trabalho, aumento salarial (para se ter uma idéia, os funcionários da biblioteca não recebem há três meses), concursos para novos funcionários, principalmente para os terceirizados que já trabalham na universidade, o que demonstra uma maior entrada do setor privado no setor público. A faculdade é pública, conseqüentemente os serviços têm que ser públicos! Fora iniciativa privada!
Cada vez é maior a presença dos cursos pagos na universidade (o que já faz parte da reforma universitária), como ocorre na História; fundações privadas injetando dinheiro para projetos do seu interesse, exemplos: FEC (Fundação Euclides da Cunha), Prolen na Letras, prédio de inteligência artificial na Geografia, financiado pela Petrobrás, etc.
Nesse contexto, a gestão atual da reitoria, muito mais conservadora do que a anterior, os departamentos e a maioria dos professores permitem e reproduzem esse cenário colocado acima. Um exemplo disso é a construção de uma cafeteria (apelidada pelos estudantes na última
assembléia de Gigabyte) no bloco N, orçada em R$ 35.000, autorizada pela reitoria, com aprovação dos departamentos do ICHF.
Todas essas coisas acontecem e são permitidas por quem controla a Universidade. Não podemos esperar que a reitoria, departamentos e a maioria dos professores façam alguma coisa e venham aderir às nossas lutas, porque eles fazem parte da banda podre, estão do lado do governo, empresários, ou seja, da classe exploradora que mantêm e reproduz o sistema. Afinal, o que é a academia?
É preciso que nós estudantes nos mobilizemos, organizemos e partamos para a luta. Sem medo de represálias, pois qualquer mudança pressupõe um choque de interesses. Temos que parar a universidade, fazendo atos, paralisações através de piquetes, ações diretas, pois do jeito que está não dá para estudar!

Felipe Garcia das Neves – Dread (4°período)

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A Desconstrução de uma idéia preconceituosa e vamos à luta no D.A.

Atualmente o DARS – entidade organizada pelos estudantes do curso para reivindicar a democratização da UFF – está passando por um momento cauteloso. Progressivamente houve um esvaziamento significativo nas reuniões e nas atividades ligadas ao Diretório.
Existem contextos históricos e políticos para isso, como por exemplo, a crise na esquerda (principalmente a combativa) brasileira e mundial como um todo, tendo como efeito o desinteresse e também um distanciamento programático entre os diversos segmentos que a compõe e a base do curso.
Porém, neste meu artigo, darei um enfoque mais específico no aspecto problematizado, fazendo uma análise, mesmo que parcial e ensaística da “cultura” de uma parcela significativa d@s estudantes.
Por isso me deparo com os pré-conceitos que esses estudantes apresentam em relação aos participantes do D.A. Um deles é que o D.A é um grupo fechado e segregador, onde a socialização do espaço é amplamente restrita a uma “patota de amigos” e que a inserção nesse grupo vai ser marginalizada.
Essa abordagem, geralmente feita em discursos rotulantes, onde se diz que não há espaço para os “outros” é muito comum. Julga-se que haverá um estranhamento por parte do grupo já atuante no D.A quando alguém “diferente” deste tenta se aproximar e a impressão inicial que vai se passar é um certo ar de superioridade teórica e de discurso, graças sua maior permanência na UFF. Outro ponto usado por esses estudantes é a transformação do discurso que “o DA é de todos” em clichê. Dizem que é só fachada e reiteram a afirmação dita acima.
Eu fui um desses pré-julgadores, achando que ali não teria voz nem espaço, e que mesmo tendo um motivo, ainda que ilusório, de nada adiantaria tentar me impor dentro do espaço do D.A.
Gradativamente, fui me aproximando da chamada “patota” que eu pré-julgava. Os conceitos descritos acima que eu também usava para rotular e se afastar (e ainda parecem serem usados por outros sujeitos) do grupo que compõe o D.A., foram sendo suprimidos e superados. Percebi que existe um debate substancial e o mais interessante é que minhas idéias são ouvidas, discutidas e reiteradas, dando um contorno mais rico na construção das deliberações.
A estrutura de organização do D.A contribui para isso. Ao contrário de vários D.A’s em que certos integrantes de partidos se atrelam e começam a dominar as reuniões e controlar as pautas de discussão, existe uma autonomia perante qualquer ideologia política e, posso dizer, uma “democracia direta e plural” que contribui para uma inserção em vários segmentos e várias discussões correntes no movimento estudantil e outras de suma importância para uma construção alternativa de sociedade.
Com isso, posso concluir que esse meu estranhamento perante o D.A retardou minha entrada. Porém, posso dizer que esse pré-julgamento tem e deve ser descartado por tod@s, pois além de enriquecer mais o debate, ao mesmo tempo fortalece a luta por uma universidade antes de tudo democrática, plural, pública e principalmente de qualidade.
O D.A está de portas abertas tanto para os “calouros” quanto para os “veteranos” relutantes em ajudar a construir uma organização que beneficie a tod@s. Esse relato pessoal é um convite para tod@s se mobilizarem e começarem a participar do D.A, renovando nosso espaço, reaproximando @s estudantes das nossas lutas e também dando uma maior integração ao curso. Uma integração humana, não só acadêmica.

Robson Campaneruti da Silva (5º período).

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POEMA

“Os óculos solares”

Sob as lentes escuras do óculos de sol
A sujeição de uma camuflagem
Dizem que os olhos são janelas d’alma
Portanto os óculos retiram a liberdade desta?

A máscara infligida no cotidiano
Almas tristes, confusas ou incoerentes...
Tampam a dor numa séria serenidade
Ou o esplendor dos seus sonhos.

Os indivíduos vêm e vão constantes
Numa inconstância incontestável
Se tampam a luz dos seus olhos cintilantes
Não estão também obscurecendo seus sonhos?

Quem sou eu para adivinhar os pensamentos?
Se também escondo minha alma.
Não sei se inconscientemente estou nesta mesma lógica
Ou se é para ofuscar a luz numa treva individual.

Robson Campaneruti da Silva (5°período)

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Encontro Nacional de Estudantes de Ciências Sociais UFF de 29/07 a 04/08

O Encontro Nacional é o mais importante espaço que têm os estudantes da graduação para buscar o intercâmbio entre as diferentes escolas pelo país, trocando informações e experiências locais – na medida em que cada Universidade encontra maneiras peculiares de lidar com questões semelhantes ou diversas, criando redes de relações e interesses permanentes que possam criar ações e intervenções efetivas na realidade.
Entre os dias 29 de julho a 04 de agosto, a UFF sediará o XXII Encontro Nacional de Estudantes de Ciências Sociais (ENECS), que tratará do tema “Pra que Servem as Ciências Sociais?”, com o objetivo de debater a relação entre o poder e a ciência, problematizando a produção científica constituída historicamente; assim como as relações entre os conceitos e teorias criados pela ciência e a forma como se transformam em instrumentos de poder utilizados para legitimar determinadas visões de mundo.
A escolha da UFF como escola-sede é fruto de um longo processo de discussão sobre a organização do movimento de área estudantil das ciências sociais, iniciado logo após o ENECS Brasília de 2003, no qual houve um grande descontentamento por parte de muitos estudantes e escolas - incluindo a delegação da UFF - com os rumos que estavam sendo tomados no movimento de área e os encaminhamentos de sua plenária final.
Nesse Encontro reacendeu-se o debate acerca da função e do papel que deveria exercer uma organização entre os estudantes de ciências sociais a nível nacional, na época representada por uma Federação, a FEMECS – Federação do Movimento Estudantil de Ciências Sociais; uma entidade que se encontrava verticalizada, “vanguardista” e com sua estrutura totalmente ineficiente, tanto em questões políticas, quanto acadêmicas e de integração nacional. Os conflitos culminaram então num processo gradual de dissolução da FEMECS, até a sua total desintegração.
A partir disso, se inicia entre estudantes da UFF um Grupo de Discussão de Movimento de Área[2] , com o intuito de debater a organização de um movimento estudantil de área em ciências sociais, propondo ações e buscando formas de organização local e nacional. E como alternativa à tentativa frustrada de criação de uma federação dos estudantes de ciências sociais, inicia-se um movimento de área local em conjunto com alunos pertencentes às diversas escolas do estado do Rio de Janeiro.
O marco inicial deste movimento foi o I Encontro Fluminense de Estudantes de Ciências Sociais (EFECS), realizado na UFF em 2004 com a participação de alunos provenientes da UFRJ, UCAM, UERJ e da UFF. Neste primeiro encontro - que levou o nome “Alternativas para um Movimento Estudantil Renovado: interações e práticas cotidianas em busca de outras realidades” - foram discutidas alternativas não só para a organização dos alunos de Ciências Sociais do estado do Rio, mas também para alteração da realidade social, através do conhecimento adquirido no curso.
Posteriormente, foram realizadas outras reuniões de movimento de área, que tiveram a participação de alunos oriundos das mesmas escolas participantes do primeiro EFECS. Nessas reuniões idealizou-se o II EFECS, com uma proposta similar àquela apresentada no primeiro, porém tendo como objetivo principal o estabelecimento de comunicação e interação entre os alunos de Ciências Sociais do estado. O II EFECS foi, também, realizado na UFF em 2006. Teve o nome “Alternativas para um Movimento Estudantil Renovado: ação para transformação da realidade social”. O objetivo parece ter sido alcançado, já que tivemos a
participação de todas as escolas de ciências sociais do estado, exceto a PUC. Tivemos ainda a participação de alunos de duas escolas de São Paulo e de filosofia e história da FAFICH. Neste II EFECS, foi vislumbrada a possibilidade de realização do Encontro Nacional de Estudantes de Ciências Sociais (ENECS), devido ao acúmulo de discussão que as reuniões de movimento de área propiciaram.
Além disso, a dinâmica que definia a escolha das escolas-sede sugeria um rodízio entre as regiões que seriam responsáveis pela construção do ENECS, mesmo que, por diversos motivos, os encontros não ocorressem anualmente: Recife/NE em 2001, Brasília/CO em 2003, Manaus/NO em 2005, Porto Alegre/S 2006 até que finalmente alguma escola no Sudeste tomasse a iniciativa de sediá-lo em 2007. Por isso a decisão de se trazer o próximo Encontro para o RJ foi tomada na Reunião Final do XXI ENECS realizado em Porto Alegre.
A Organização do Encontro é formada por um grupo de estudantes quem vêm participando ativamente do movimento de área nas mais diversas escolas do Rio de Janeiro. Desde então, alunos da UFF, UCAM, UERJ, UFRJ, FEUC, PUC, e FGV vêm tomando parte na Comissão Organizadora, atualmente subdividida em cinco coordenações abertas à participação de todos os estudantes de ciências sociais, das quais: cultura e eventos, estrutural, acadêmica, comunicação e finanças.
A organização de um Encontro Nacional não é das tarefas mais fáceis, principalmente quando se projeta a presença de mil pessoas oriundos de escolas de todo país. O Encontro deve fornecer estruturas de alojamento, alimentação, segurança, lixo, programação acadêmica, atividades culturais, debates políticos e mais uma série de elementos e detalhes importantes que compõem a estrutura organizativa de um encontro de grande porte.
Portanto, não só convocamos como contamos com o apoio de todos aqueles estudantes de Ciências Sociais interessados em participar ativamente da construção do XXII ENECS da UFF. O momento é de meter a mão na massa, ajudar nas tarefas e propor idéias, oficinas, atividades, etc. Fiquem ligados na divulgação das reuniões, seja em cartazes, no mural de Ciências Sociais no térreo do Bloco N, ou através de listas de e-mails e outras fontes virtuais.

[2] Dá-se o nome “movimento de área” à tentativa de interação e discussão de assuntos pertinentes aos alunos de ciências sociais.


Próxima Reunião Geral:
Dia 24/04, quarta-feira
às 17:00 horas
UFF, sala do D.A. de ciências sociais.



Listas de discussão: enecs2007rj@yahoogrupos.com.br, csrio@grupos.com.br

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D.A. de Ciências Sociais: PRESENTE!

· 28 de março - Manifestação pelo passe livre, organizada por diversas entidades estudantis reuniu mais de quatro mil estudantes. A passeata saiu da candelária em direção ao tribunal de justiça. Grupo de estudantes combativos arremessaram pedras ao tribunal. A policia iniciou uma repressão. Posteriormente os estudantes bloquearam a rua primeiro de março. A tropa de choque foi chamada. Estudantes da UBES, AERJ, UNE e CONLUTE pediram a saída dos estudantes da rua, porem, os estudantes combativos se entrincheiraram na rua da assembléia, quebrando as vidraças dos bancos, ônibus da policia e um carro da Rede Globo. Instituições que representam a classe dominante. As barricadas fecham ruas e abrem caminhos!

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Agenda:

25/04 - Dia nacional de luta pela educação.
10:00 horas – Largo do Machado, Rio de Janeiro.
Ato puxado pelo SEPE (Sindicato Estadual dos Profissionais da Educação)

03/05 e 05/06 - Debate sobre o CONLUTAS (Coordenação Nacional de Lutas)
Sala e horário ainda será divulgado
Debate puxado pela coordenação de movimento estudantil

13/06 - Assembléia extraordinária de ciências sociais
Pauta: filiação ao CONLUTAS (plebiscito ou assembléia)
Assembléia puxado pela coordenação de movimento estudantil

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Agenda Cultural:

25/04 – 1o Cine OCS
18 horas – sala 207, Bloco O.
Exibição do filme SACCO E VANZETTI do diretor italiano Giuliano Montaldo, de 1971
Sinopse: Sacco & Vanzetti, um dos melhores filmes do cinema político italiano dos anos 70. Apoiado na canção tema de Joan Baez e Ennio Morricone, o cineasta Giuliano Montaldo (Giordano Bruno) reconstitui a história real dos imigrantes italianos Nicola Sacco e Bartolomeo Vanzetti, acusados de assassinato e levados a julgamento em 1921, nos Estados Unidos. Por serem anarquistas, são condenados à morte num dos mais famosos erros judiciais do século XX. Nos anos seguintes, a luta pela anulação da sentença leva milhares de pessoas às ruas em todo o mundo. O filme foi proibido no Brasil durante a ditadura militar.

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Informes Internacionais:
Grécia

Estudantes universitárias e secundaristas ocuparam as universidades da Grécia protestando contra a reforma universitária de cunho liberal, encaminhada pelo partido democrata (Liberal Conservador)

França

Na ultima semana um estudante imigrante foi agredido (braço quebrado) por policiais ao pular a catraca da estação do metro “Gare du Nord” em conseqüência disso, os estudantes e trabalhadores presentes no local, promoveram uma rebelião na estação queimando lojas e atacando os policiais.

Argentina

Caminhoneiros da cervejaria Quilmes (Ambev), fizeram uma greve contra as demissões programadas pela multinacional belgo-brasileira. Também na Argentina, foi realizada uma greve geral em razão da morte de um professor durante a manifestação pela educação.

Chile

Estudantes secundaristas protestaram na capital Santiago por melhorias no sistema educacional do país. Grupos de estudantes estavam armados, enfrentando a tropa de choque da policia. Cerca de cem estudantes foram presos.

Para maiores informações, consultar:

www.midiaindependente.org - www.anarkismo.net - www.rebelion.org

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Nota de Congratulação:

Parabenizamos todos aqueles que tiveram alguma participação na conquista inédita e incontestável do 2° Campeonato de Futebol da UFF, que reuniu 40 equipes dos mais diversos cursos que a faculdade oferece. Derrubando todas as previsões que apontavam os cursos de engenharia como favoritos ao caneco, a equipe de Ciências Sociais, muito bem organizada do ponto de vista tático, com amplos recursos técnicos e um empenho que foi o catalisador do título, não vacilou em momento algum. Resultado: 4 x 2 na partida final. Faixa no peito e Taça no Armário do D.A. Que venham novas conquistas!


Quem disse que FUTEBOL no ICHF não leva a lugar nenhum? Maceió 2007: quem foi, foi...

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Piada por piada...
Carta de reiteração à deliberação do ICHF!

Senhores professores,

A universidade passa por um momento maravilhoso. Temos uma ótima biblioteca, comparável a do senado americano, quiçá do Vaticano. O acervo chega a ser maior do que a de Alexandria. Podemos ainda nos gabar de termos excelentes quartos na nossa moradia estudantil, muito bem localizada, tendo uma aprazível vista para a baía mais bela do mundo, a ponto dos moradores de Camboínhas e da Praia de Icaraí ficarem com inveja. A Sorbonne disse que é covardia.
Se não bastasse, ainda temos um verdadeiro banquete duas vezes ao dia, com sucos, sobremesas, saladas e os mais diversos pratos. O que justifica o fato dos executivos da ampla, em algumas ocasiões, fazerem suas refeições diárias em nosso restaurante universitário. No final da refeição, nos deleitamos com um saboroso, aromático e encorpado cafezinho, tipo exportação (extraforte).
Não esqueçamos das nossas maravilhosas salas de aula, além do fato de todos os estudantes terem bolsas de pesquisa, extensão e monitoria. A situação é tão favorável que a principal preocupação e discussão entre nossos professores é decidir sobre a construção de uma cafeteria. Em qual local aprazível e possuidor da mais bela vista da enseada do Gragoatá ela será erguida? A concessão da cefeteria será dada à Starbucks ou ao McCafé?
Dessa forma, estamos imensamente satisfeitos com as atitudes do colegiado e com os serviços prestados à nossa idílica Universidade.

Saudações,

Comitê Central da Organização Internacional Combativa, Revolucionária, Camponesa, Operária e Estudantil, Anarco-Malucada.

OBS: A situação é séria. Em uma Universidade sem moradia estudantil, com biblioteca em péssimas condições e com um restaurante universitário de péssima qualidade, direcionar R$ 35.000 para a construção de uma cafeteria “em local aprazível e com uma bela vista” só pode ser encarado como piada, blasfêmia, chacota, mentirinha, kaô kaô, 1° de Abril, ou qualquer outra expressão da mesma natureza.

PERMANECER NESSA SITUAÇÃO NÃO DÁ MAIS!!!
OCUPAÇÃO DO ICHF JÁ!!!
EXIGIMOS SANIDADE MENTAL DOS PROFESSORES!!!