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segunda-feira, 28 de maio de 2007

Por um Vegetarianismo Social

Abrir mão de ingerir carne é se manifestar contrário a todo e qualquer ato de violência ou crueldade cometido contra um ser vivo, seja lá qual for, animal ou homem.
É um erro supor que, para os vegetarianos, os animais são mais dignos de proteção que nós, seres humanos. Não há, na verdade, lugar para privilegiados. Igualmente possuímos sentimentos, porém somente nós temos a consciência do que sentimos. O que nos separa dos animais é o nosso maior atributo, nem sempre utilizado adequadamente: a razão.
É claro que essa lógica incide em uma hierarquia natural, onde os homens por serem mais fortes e racionais, podem, legitimamente, tornar-se predadores dos animais irracionais. Pode até ser que, em um devido momento histórico, a ingestão de carne tenha sido necessária para a sobrevivência humana. Contudo, devemos considerar que o nosso sistema digestivo se difere muito dos animais carnívoros, o que resulta em uma alta taxa de toxinas digeridas no processo, e que, devido ao fato da carne não ter nenhum principio alimentar que os vegetais também não contenham, podemos nos manter satisfatoriamente saudáveis sem a sua presença em nosso cardápio. É bom lembrar ainda que, nos dias atuais, a pecuária extensiva e a manutenção de aviários se tornaram grandes vilões do meio ambiente. Mas isso é para outra hora. O que pretendo abordar aqui é a crença humana em uma “desigualdade natural”.
Crer que o homem é senhor e proprietário da natureza é uma coisa sobre a qual a humanidade inteira manifesta acordo unânime. E crer, dentro dessa lógica, que estamos no alto da hierarquia para sermos servidos por aqueles que consideramos inferiores, também. Os massacres dos negros escravizados, a realização de “limpezas étnicas” em alguns países, a subjugação das mulheres no mundo inteiro, são algumas peças que configuram essa tal prerrogativa dos homens a fim de promover a desigualdade. O que esses fatos históricos nos mostram, além de uma incapacidade humana de perceber que diferença não é sinônimo de inferioridade? A incapacidade do homem em se sensibilizar com outrem por apenas considerá-lo inferior.
Então eu vos pergunto senhores: Quem poderá julgar o valor de um sofrimento, seja ele humano ou animal? Quem poderá diferenciar a dor de um semelhante de um gemido sentido de um animal com medo da morte? Será que essa indiferença, esse olhar blasé sobre o sofrimento animal, não nos tornou insensíveis aos nossos próprios sofrimentos?
Nietzsche, quando considerado louco, abraçou um cavalo que estava sendo espancado por um cocheiro. Chorou e provavelmente se convencera de que Descartes errara quando afirmou sua idéia de que os animais eram apenas machinae animatae. Idéia muito difundida entre nós. Talvez esse tenha sido um dos grandes erros da Humanidade.

Carol Couto (1° período)

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